5 julho 2021
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Ao Colega e Amigo Marcelo Roberto Bellato (09/10/1972 – 05/07/2021).

Três lembranças de gratidão.

 

A primeira lembrança vem de quando éramos crianças/adolescentes. Nos conhecemos devido nossa vocação e desejo de sermos coroinhas (acólitos). Ali, tivemos a oportunidade de trazer muitas outras crianças e adolescentes para também participarem como coroinhas, e, juntos, tivemos a oportunidade de aprender a “servir”. A servir as pessoas em busca de resgatar a dignidade humana, em busca de resgatar a sensibilidade e os gestos de cuidado, em busca de resgatar a verdade que é estar ao lado dos mais pobres.

 

A segunda lembrança, ainda deste período, mas que somente ficou mais compreensível para mim quando já mais velho, é que as diferenças vêm para ampliar nossa capacidade de ver e viver no mundo. Você, Marcelo, e eu éramos diferentes, a começar pelo aspecto físico, você gordinho, e eu um magrão, ao estilo Frei Inocêncio, de onde originou meu apelido de “Frei”. Você, sempre atento ao melhor modo de vivenciar a liturgia, seguindo o rito como deve ser, eu, nem sempre atento a tudo isto… mas, ao passar do tempo, ao estudar teologia e, assim, compreender a origem e o significado dos rituais, tudo ganhou mais sentido e beleza, algo que você já tinha compreendido muito antes. Entre tantas outras diferenças que somadas me fez compreender melhor o mundo e, principalmente, compreender as pessoas, que em suas diferenças vivem em leveza e paz.

 

A terceira lembrança, agora de nossa vida de adultos, lembro-me da concretização destas duas primeiras lembranças, você Marcelo, como sacerdote tinha um dom dos mais importantes, o da acolhida, do cuidado, da atenção. Por ocasião da doença de minha avó, por muitas oportunidades, você veio em muitas tardes, tomar um café com ela, rezar com ela, conversar com ela. E, lembro-me o quanto ela ficava bem com sua escuta, sua atenção e seus cuidados. Padre Vieira escreveu no sermão da sexagésima “que os pregadores de hoje produzem poucos frutos porque somente pregam para os ouvidos e não para os olhos”. Esta frase não cabe para você. Você em seus atos junto aos doentes, juntos as pessoas em suas visitas, fazia transparecer a presença de Deus, um Deus de bondade, cuidado e misericórdia. E ser capaz de transparecer Deus em nossas atitudes é um dos sinais de que estamos no caminho para alcançarmos a Santidade.
Creio assim, que você, ao seu modo, buscou e vivenciou a santidade.

Que seu modo de ser e de vivenciar Deus, ao ponto d’Ele transparecer em suas atitudes, nos sirvam de exemplo e testemunha do Amor de Deus em nosso meio. E nos auxilie a também acreditarmos e vivenciamos este mesmo Amor em nossas vidas e em nossas atitudes.

 

Grande abraço Amigo Bellato.

Até breve.

 

Fabio Camilo Biscalchin

Piracicaba, 05 de julho de 2021.

(Também disponível em PDF)

2021-07-05 – Ao Colega e Amigo Marcelo Roberto Bellato

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