Os sacramentos são sinais que a Igreja encontrou ao longo da Tradição e nas Escrituras para lidar com temas importantes como nascimento e morte, saúde e doença, entrada na vida adulta, amor, responsabilidade, missão e culpa.
A atual compreensão do homem e da fé tem sofrido modificações pelo que a teologia sacramental tem encontrado dificuldades em avançar. A assimilação da economia da salvação postergada a um futuro longínquo parece não satisfazer o homem contemporâneo que requer respostas mais imediatas, que lhe permitam viver bem e em plenitude no presente. A este desejo soma-se a aversão ao sofrimento, à doença e a morte. Que contribuições, nesse sentido, poderá oferecer a reflexão do sacramento da Unção dos Enfermos? Por que este sacramento ainda continua sendo visto como aquele que prepara o doente para a morte?
O presente trabalho não pretende esgotar o tema a respeito do sacramento da unção dos enfermos, mas intenta apontá-lo como uma forma cristã de lidar com a doença, compreendida como uma modalidade existencial capaz de ressignificar a enfermidade no seio eclesial.
O primeiro capítulo tratará dos aspectos bíblicos da unção dos enfermos, mais especificamente, da compreensão no Antigo e Novo Testamentos das causas e dos significados da doença e da cura.
O segundo capítulo abordará a história do sacramento da unção dos enfermos – da antiguidade até o Vaticano II – e uma reflexão teológica que nos possibilitará compreender o desenvolvimento de uma concepção teológico-existencial do sacramento da unção.
E finalmente, o terceiro capítulo dedicar-se-á aos aspectos pastorais da unção dos enfermos, especialmente quanto à sua renovação a fim de melhorar a prática que atenda aos fins existenciais e eclesiais que comportam este sacramento.